Após morte por agressão em estação de trem, ViaMobilidade anuncia reciclagem de 100% dos seguranças em SP
04/12/2024
Empresa opera as Linhas 9-Esmeralda e 8-Diamante. Segundo exames periciais, Jadson Pires foi morto por 'asfixia mecânica em decorrência de esganadura' na estação Carapicuíba. Jadson Vitor De Sousa Pires foi morto após agressão em estação da ViaMobilidade em Carapicuíba, na Grande SP.
Montagem/g1/Reprodução/Acervo pessoal
Após a repercussão da morte de um homem agredido por agentes em uma estação de trem sob sua responsabilidade, a concessionária ViaMobilidade, empresa do grupo CCR, anunciou nesta quarta-feira (4) que vai iniciar um processo de reciclagem de 100% de seus empregados da segurança.
O objetivo, segundo a empresa, é ajustar a conduta dos agentes no "atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob o efeito de substâncias entorpecentes".
Na capital paulista, ela é responsável pela operação das Linhas 9-Esmeralda e 8-Diamante de trens metropolitanos.
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As imagens que mostram agentes da empresa agredindo o rapaz na estação de Carapicuíba, na Grande SP, que pertence à Linha 8-Diamante, causaram comoção.
Segundo exames feitos pelo IML, Jadson Vitor De Sousa Pires morreu em meados de novembro por asfixia mecânica em decorrência de esganadura, provavelmente gerada pelas agressões por parte dos seguranças da estação.
Por meio de nota, a ViaMobilidade lamentou a morte do rapaz e disse que presta todo o apoio à família. Afirmou também que “o comportamento dos profissionais que atuaram na contenção de Jadson Pires não corresponde aos seus valores, treinamento e padrão dos seus procedimentos de segurança e atendimento”.
A companhia disse ainda que “investe continuamente na formação de seus colaboradores para o relacionamento com o público e a segurança de seus clientes”, mas que, "diante dos recentes acontecimentos", vai iniciar um processo de reciclagem de todos os empregados e colaboradores.
Além disso, a concessionária disse que aumentou o rigor das medidas disciplinares e instaurou a obrigatoriedade de justificativa formal sempre que houver a necessidade de uso da força no exercício das atividades.
A Comissão de Monitoramento de Concessões e Permissões (CMCP), do governo estadual, informou que acompanha a ocorrência e abriu uma apuração, que poderá resultar na aplicação de penalidades previstas em contrato à concessionária.
Relato de testemunhas e familiares
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Passageiros da Linha 8-Diamante que testemunharam a morte de Jadson narraram as últimas palavras dele antes de desmaiar e não mais acordar na estação.
A agressão aconteceu em meados de novembro, mas só nesta terça-feira (3) o Bom Dia SP teve acesso às imagens e aos exames feitos no corpo de Jadson.
O médico legista que fez a perícia também apontou que o corpo estava com as costelas do lado direito do tórax quebradas, além de apresentar escoriações no antebraço direito, mão direita e nos dois joelhos.
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Segundo um dos passageiros que testemunharam e filmaram a agressão, quem estava na estação Carapicuíba naquela noite chegou a gritar para os seguranças pararem as agressões, temendo pela morte do rapaz que, aparentemente, apresentava sinais de embriaguez ou outras substâncias.
“Ele não estava violento, estava apenas assustado. Aparentava com certeza estar drogado ou bêbado, não precisava fazer aquilo que fizeram com ele. Era só imobilizar o rapaz e tentar acalmar ele e tudo resolvia. Ele chegou para nós e pediu ajuda lá, pediu ajuda pra todo mundo e falou assim: ‘quero água. Me dá um copo com água?”, disse a testemunha ouvida pela TV Globo.
“Ele pegou, bebeu a água e falou assim: ‘tenho uma filha de 3 anos, não precisa fazer isso comigo’. O que mais me doeu foi quando ele repetiu: ‘tenho uma filha de 3 anos, se eu morrer cuida dela”, narrou.
“Na hora que deitou ele no chão, botaram o joelho em cima do rapaz, assim. E foi na hora que eu senti aquele peso do corpo caindo no chão e aí eu falei: ‘Já era, mataram o cara’”, contou o rapaz que viu o momento que Jadson desmaiou.
Reação da família
A viúva de Jadson, Renata Santos de Sousa, contou que, no dia do crime, o marido tinha saído de casa para resolver problemas burocráticos para receber o seguro-desemprego e sacar o FGTS, uma vez que tinha sido demitido do emprego recentemente.
Renata descreveu o marido como um "homem incrível", "trabalhador" e "muito esforçado".
Ele era um paizão. Era um marido muito bom, um cara muito trabalhador, muito esforçado, um ser humano incrível. Ele era tudo para mim e para a minha filha. Hoje está sendo muito difícil tudo o que está acontecendo e o que eu clamo é por Justiça. Ele não merecia isso.
A família de Jadson Vítor de Souza Pires, de 30 anos, espera por justiça
A viúva contou que só depois das imagens divulgadas pelo Bom Dia SP é que soube o que realmente aconteceu com Jadson naquele dia.
"Não justifica o que fizeram. Ele podia está ali sob efeito de droga, como estão falando. Podia estar sob efeito de álcool. As pessoas que atenderam ele não tiveram nenhum sentimento humano com ele. De entender, explicar para ele: 'Olha, eu posso te ajudar?' Não. Já foram agredindo ele. Eu estou juntando força de onde não tem para correr atrás da Justiça", afirmou.
Família de Jadson pede Justiça após rapaz ser morto em estação da ViaMobilidade, em Carapicuíba, na Grande SP.
Reprodução/TV Globo
Um dos seguranças que imobilizaram Jadson com o joelho usava uma câmera corporal.
Por meio de nota, a ViaMobilidade disse que todas as imagens disponíveis foram entregues à polícia e que "os agentes envolvidos foram preventivamente afastados."
Família de Jadson pede Justiça após rapaz ser morto em estação da ViaMobilidade, em Carapicuíba, na Grande SP.
Reprodução/TV Globo