Casal paulista preso por tentar comprar bebê no AM já havia tentado burlar processo de adoção, aponta polícia
14/07/2025
(Foto: Reprodução) Dupla teve adoção anterior arquivada por tentativa de burlar o sistema. Na sexta (11), foram presos em flagrante ao tentar comprar recém-nascido por R$ 500 em Manacapuru, no Amazonas. Casal paulista preso por tentar comprar bebê no Amazonas
Reprodução/Redes Sociais
O casal paulista preso em flagrante em Manacapuru, no interior do Amazonas, sob suspeita de tentar comprar um recém-nascido por R$ 500, já havia tentado adotar uma criança de forma irregular no município. Segundo a Polícia Civil, o casal teve um processo de adoção arquivado pela Justiça após tentar burlar o sistema legal, o que impediu a conclusão da adoção na época.
Wesley Fabian Lourenço e Luiz Armando dos Santos foram presos ao tentarem sair com o bebê do hospital em Manacapuru, na última sexta-feira (11). O agenciador da entrega seria José Urbelan Pinheiro de Magalhães, de 47 anos, dono de uma lanchonete na cidade, informou a polícia. O g1 tenta contato com as defesas dos suspeitos.
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De acordo com a delegada Joyce Coelho, responsável pela investigação, a informação foi repassada pela própria Justiça local, que colabora com o inquérito policial.
"Eles já tinham passado aqui por Manacapuru, entraram com pedido de adoção, mas tentaram burlar o sistema e foram excluídos do processo", afirmou a delegada durante coletiva nesta segunda-feira (14).
Joyce esclareceu que na época, não foi registrado como crime porque o caso ficou na esfera cível. Logo, não houve caracterização de fraude criminal, mas que houve tentativa de burlar o sistema, e por isso o processo foi arquivado.
Ainda conforme a delegada, há suspeitas de que os dois homens já teriam adotado uma outra criança.
"Eles já estiveram antes em Manacapuru. Há denúncias de que conseguiram levar outra criança, mas isso ainda está em apuração", disse a delegada.
A Polícia Civil informou que vai verificar cada uma dessas denúncias para entender o histórico de idas e vindas do casal ao estado do Amazonas e identificar possíveis casos anteriores de adoções ilegais.
PRISÃO: Casal é preso suspeito de tentar comprar um bebê recém nascido no interior do Amazonas
VALOR: Mulher tentou vender recém-nascido a casal paulista por R$ 500 para pagar dívida com agiota no Amazonas, diz suspeito
Esquema de adoção ilegal
A investigação aponta para o funcionamento de um esquema de adoções ilegais envolvendo moradores de Manacapuru e contatos em São Paulo, incluindo uma mulher, ainda não identificada, que seria a responsável por atrair interessados na adoção de crianças de forma clandestina.
Segundo depoimento do intermediador José Urbelan Pinheiro de Magalhães, conhecido como "Sabão", o casal foi apresentado à mãe da criança por meio dessa mulher. De acordo com a polícia, a mãe tentou vender o bebê para quitar uma dívida com um agiota.
"Essa mulher de São Paulo, natural de Manacapuru, fazia o contato com possíveis interessados e repassava para o intermediador aqui", contou a delegada.
Ainda de acordo com a polícia, a mãe do recém-nascido pode ter recebido outros valores além dos R$ 500, como demonstram transferências via PIX ao longo dos últimos meses.
O casal estava hospedado em um hotel da cidade desde junho, monitorando a gravidez até o nascimento do bebê. Um dos homens assistiu ao parto e se apresentou como pai da criança, tendo inclusive recebido a Declaração de Nascido Vivo (DNV), documento necessário para o registro civil da criança.
"Com esse documento, ele poderia perfeitamente ter ido ao cartório, registrado a criança como se fosse filho biológico e saído do estado", explicou a delegada.
Wesley Fabian Lourenço ao lado de recém-nascido que teria tentado comprar por R$500 no Amazonas.
Reprodução/Redes Sociais
No entanto, uma falha no sistema do cartório impediu o registro, o que deu tempo para a ação da polícia. O casal foi interceptado no estacionamento da maternidade, já com enxoval e carrinho de bebê prontos para levar a criança a São Paulo.
"Se tivessem conseguido registrar o bebê, ele já teria saído do estado", destacou a delegada.
Casal foi solto após audiência de custódia
Apesar da prisão em flagrante, os dois homens foram liberados após audiência de custódia, no domingo (13). "A prisão foi legal, mas a justiça entendeu pela liberação. Agora trabalhamos para reunir provas mais robustas e representar pela prisão preventiva", explicou a delegada.
O promotor de Justiça Jerson de Castro Coelho, que participou da audiência, também se posicionou.
"Eu entendo que há a necessidade de a polícia investigar mais a fundo se não é o caso de uma quadrilha formada para essa finalidade, uma quadrilha interestadual indicando para moradores do sul do país crianças que potencialmente possam ser 'negociadas'", disse em entrevista à Rede Amazônica.
Criança foi acolhida e mãe deve ser ouvida
Após alta médica, no domingo (13), criança foi acolhida por uma instituição de proteção à infância e está sob cuidados do Conselho Tutelar. A mãe, de 31 anos, que também recebeu alta, deve ser ouvida ainda nesta segunda-feira (13) pela Polícia Civil.
Segundo a delegada, a mulher já consta com indiciada e pode trazer novas informações à investigação.
"A genitora não tem condições de ficar com essa criança. Já negociou a entrega para pagar dívida. A criança foi acolhida imediatamente por uma instituição", afirmou a delegada.
Durante a apuração, a polícia também identificou que a mesma mulher tem oito partos registrados na unidade de saúde de Manacapuru, o que levantou novas suspeitas.
"É de se estranhar. O Conselho Tutelar não localizou esses filhos. É mais um ponto que vamos esclarecer durante a oitiva dela", concluiu.
Carro de casal paulista preso por tentar comprar bebê no Amazonas
Divulgação/PC-AM
Casal paulista é preso após tentar comprar bebê por R$ 500 no interior do Amazonas
