Operação Blindagem prende advogados suspeitos de ligação com o PCC e corrupção em presídios de MS
07/11/2025
(Foto: Reprodução) PF descobriu movimentações milionárias de estabelecimentos usados para lavar dinheiro do PCC
A Operação Blindagem prendeu mais de dez pessoas nesta sexta-feira (7), em 11 cidades de Mato Grosso do Sul. Entre os detidos estão a advogada Brenda Yasmin Martins de Freitas, o casal Selma Nunes Roas e Alexsandro Nunes, além de Tiago Paixão Almeida, conhecido como “Boy”, e outros suspeitos ligados ao grupo.
A ação investiga o comando de uma facção criminosa que atuaria dentro de presídios no estado e, ao todo, cumpriu 35 mandados de prisão preventiva e 41 mandados de busca e apreensão. Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), a facção investigada controlava tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e extorsões a partir de unidades prisionais.
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Em Campo Grande, mais de dez suspeitos foram detidos. A advogada Brenda Yasmin teve o celular apreendido. O casal Selma Nunes Roas e Alexsandro Nunes foi preso no Bairro Tijuca, onde a polícia apreendeu um revólver calibre 38 e munições.
Também foi preso Tiago Paixão Almeida, o “Boy”, que já responde por tráfico de drogas. Em 2023, ele foi absolvido da acusação de homicídio de Luiz Felipe da Silva, de 22 anos, mas condenado a oito anos de prisão por tráfico.
Johan Fabiano Costa Lescano, Michel Lescano dos Santos e outro advogado, preso em Bonito, também estão entre os detidos. Parte dos suspeitos foi levada para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro Integrado de Polícia (Cepol), onde pelo menos oito permanecem custodiados.
O que dizem as defesas
A advogada Rauane Mendes, que representa Brenda, afirmou que “confia na Justiça” e disse que sua cliente, que trabalha na área previdenciária, nega envolvimento com organização criminosa.
O advogado do casal, Marcos Ivan, informou que ainda não teve acesso ao processo, mas diz acreditar na inocência dos dois.
As defesas de Tiago, Michel e Johan não foram localizadas até a última atualização desta reportagem.
Investigações duraram dois anos
As investigações duraram cerca de dois anos e mostraram que o grupo enviava drogas para vários estados, entre eles São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Goiás.
Para disfarçar o transporte, a quadrilha usava caminhões com fundos falsos e escondia a droga entre cargas de alimentos com nota fiscal. O grupo também usava os Correios, enviando entorpecentes por Sedex, e transportava drogas em carros e vans.
Segundo o MPMS, são cumpridos 35 mandados de prisão preventiva e 41 mandados de busca e apreensão em cidades de Mato Grosso do Sul, como Campo Grande, Bonito e Ponta Porã, além de municípios de São Paulo e Santa Catarina.
Alvos tinham ligação com o PCC
O grupo também tinha ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o MPMS, a facção paulista dava apoio logístico e ajudava a expandir o tráfico. Integrantes aplicavam punições violentas contra quem tinha dívidas com o grupo, praticando extorsão e mantendo vítimas em cárcere privado.
As ações contaram com apoio da Polícia Militar, por meio do Batalhão de Choque, do Bope e da Força Tática, além da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Em São Paulo, participaram equipes da Polícia Civil, e em Santa Catarina, o Gaeco e a Polícia Militar. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MS) acompanhou os trabalhos.
Segundo o MPMS, o nome da operação faz referência à “blindagem” que os criminosos recebiam dentro dos presídios. Por meio da corrupção de servidores, eles obtinham proteção, informações sigilosas e conseguiam permanecer em unidades de menor segurança ou transferir presos considerados inimigos.
Com grupo foram apreendidas armas, dinheiros em reais e dólares, cheques, entre outros
MPMS
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